quinta-feira, junho 26, 2008

Sáin Joõn.






Não sei se foi por causa da chuva, se foi por causa do Euro'08, do gasoil, da gasolina, do Bush, da Ferreira Leite, do "Sócras", do FCP, do Benfica, do Boavista, da crescente adicção do Dr. House, do preço do azeite, de estarmos todos c'os azeites, do fraco fogo de artifício, de todos os fracos artifícios do(s) poder(es), da crise dos espanhóis que vai ser terrível para nós (eles outra vez, grandessíssimos filhos de uma cadela sem salero), da 1ª condenação de um downloader em Portugal, do verão manhoso depois da primavera ridícula, dos Irmãos Catita a tocar lá na Boavista onde não há Sáin Joõn, do Mugabe e de Deus, da Cinemateca no Porto, do Mugabe p'ró diabo, do diabo a quatro desde que não sejam Mugabes, da Irlanda e de como dizer não sem acordar o patrão, da sardinha a 1 euro, do linguado a 16, do beijinho na barraquinha a um país que precisa de mimo.
Pode ter sido da morrinha. Mas foi o primeiro S. João fantasmagórico que vi. As ruas chegavam e sobravam. A cidade espectral, desgraçada, a caminhar, a caminhar para uma madrugada fria, de cabeça a latejar entre duas mãos que não chegam para aliviar tanto bater do coração na cabeça, à espera de um táxi que vai ficar caro como o caralho, ou então sofre-se mais um bocado e espera-se e forçam-se um pouco mais os pés e vai-se com os mortos-vivos do Metro. O sono, a indiferença, ali no Metro, não é de barriga cheia de sardinha e fêveras e febras e febres, sequer de bexiga cheia da boa vida e mau vinho. É de vontade de esquecer. Porra, que isto está mau. Se calhar, isto não é um Metro como deve ser. Um dia, quando for grande, quando for enorme, quero ir ao Sto. António de Lisboa.
É, é verdade, isto está mau e não se recomenda. Mas há sempre a última imagem da noite, que prefiro ver como primeira imagem da manhã, e logo eu que não gosto de amanheceres. É isto: mãos dadas até desaparecerem na próxima curva.
E um veedeo belíssimo de uma cantiga excelentíssima que ando há que tempos para pôr aqui, mas que tem o defeito de não ser dos The National. Não importa, é de gente boa, Scout Niblett com o Bonnie 'Prince' Billy, "Kiss". Meus deuses, como eles gritam nos refrões.
E assim, pelo menos para mim, uma bonita e estranha e perversa cantiga com um bizarro veedeo de gelados, esqueletos, perucas, dentaduras e coroas falsas vem pôr um pouco de ordem e melodia nisto.

3 comentários:

Anónimo disse...

passei o meu sao joao em barcelona mas deixei la' quase tudo que ainda me resta vivo por dentro. e agora aqui me arrasto, como os teus fantasmas de fim de noite no metro, nesta cidade que ja' pouco me diz.
esta' na hora de fazer as malas e escolher outra morada.

aalavic disse...

Que medo! Pirei-me a tempo!

Anónimo disse...

ágil ulfo, o mundo está cheio de moradas. Que dizer-te?...