terça-feira, outubro 31, 2006

A alma, e a aura e essas coisas que nos fogem do crânio


21 gramas, mais cousa menos cousa, é o que pesa a alma do guitarrista. Tetuzi Akiyama. E tem uma irritante tendência para fugir para a direita, a alma. Tipo Julio Iglesias, a fronha.

terça-feira, outubro 24, 2006

Já sabemos que ninguém pára o Benfica, mas ninguém cala este gajo?

Adoeceu, viu o jogo pela televisão e até ficou doente. Então não é que "ver os jogos pela televisão tem um grande problema, é que assistimos às repetições"? É verdade, é. Um gajo é obrigado a ver 90 minutos de miséria e ainda nos obrigam a rever as piores partes, e rever, e rever... Um dia ainda se lembram de emitir a cores, e aí então ninguém aguenta.
"Não tenho dúvidas em dizer: ter mostrado 18 cartões é um hino à estupidez. O jogo não merecia, o Benfica e o Estrela da Amadora não o mereciam". Pois claro que não. Os cartões deviam ir todos direitinhos para o Pinto da Costa, que entrou em campo com o sarrafo em forma. A Elisa Maria que se cuide, ainda para mais parece que sofre das dores. Ainda não viu nada.
"Quem fez o que fez sabia o que estava a fazer e para quem o fazia". Assim sim, seguro nas afirmações! "Assistimos a mais uma actuação que até parece premeditada para prejudicar o Benfica". Mau, já está a vacilar, já só parece. Mas, prejudicar o Benfica? Não era suposto o tal hino à estupidez ser tão gigantesco que o Estrela também não o merecia? Anda mouro na costa, mas por favor não lhe chamem mouro. Podem é chamar-lhe Costa, claro.
É, dá-lhe jeito armar estrondo à volta de jogos que a sua equipa ganhou com inteira justiça e em que não se pode queixar dos resultados, apesar da vergonhaça dos árbitros. Isso estruma o terreno para o absurdo (para mim, claro) das acusações de suborno pelo FCP de árbitros nas épocas em que conquistou a Taça UEFA e a Liga dos Campeões, Mourinho no seu melhor, equipa de sonho. Árbitros para os encontros com Beira-Mar, Estrela da Amadora... Comprados.
Voltou, claro, ao Apito Dourado. O Benfica, com o plantel que tem, com certeza vai voltar a ser campeão este ano, "desde que o apito e outras frutas não venham perturbar as contas". O apito e outras frutas?! O dourado e outros peixes?!
Por falar em contas, os cerca de 40 sócios que estiveram reunidos em Assembleia-Geral aprovaram por unanimidade o Relatório de Gestão e as Contas do Exercício de 2005-2006, que a Benfica-SAD terminou com um passivo de €151.860.213 (por extenso e na clave de sol, cento e cinquenta e um milhões, oitocentos e sessenta mil e duzentos e treze euros), cerca de 20% superior ao do ano anterior. So SAD.

quinta-feira, outubro 19, 2006

"A verdadeira luta contra o obscurantismo"...

...segundo o Correio da Manha (cai o til de propósito), e segundo palavras do Ribeiro e Castro, é a que é travada pelo CDS-PP, na questão do aborto, e lá vamos nós outra vez... Ai, ai. De acordo com R&C, "há cada vez mais evidências de que há vida desde a concepção", talvez tenha obtido as provas numa emissão da TV Record. Podia se calhar ir um bocadinho mais longe e dizer que há cada vez mais evidências de que há morte desde a contracepção. Mas não foi.
O deputado da danação Nuno Melo admite o voto favorável da bancada do CDS à proposta de referendo ao aborto, mas só se houver alterações na pergunta. Numiadamente, substituir "interrupção voluntária da gravidez" por "aborto" e "despenalização" por "liberalização". Se o PS mudar o texto, votam a favor da convocação do referendo. Who cares?
A sugestão do condomínio para uma pergunta verdadeiramente democrata-cristã: "Concorda com a liberalização desregrada do aborto pelos métodos mais inimagináveis, se realizada por opção da mulher e/ou de Satanás seu consorte, nos primeiros 10 anos de vida, em estabelecimento de morticínio e desmancho legalmente desautorizado"?

quarta-feira, outubro 18, 2006

Monteiro, Pinto Monteiro, Procurador-Geral, cof cof... Como está?

Este senhor, já se viu, deve incomodar muita gente. Se não, veja-se: segundo o JN, o Conselho Superior do Ministério Público vetou, coisa inédita, por estar "há 20 anos afastado dos tribunais", razão que até nem nos pareceria disparatada, o nome escolhido para vice-procurador-geral-da-república-de-portugal-reino-independente-vai-para-uns-anos. Mas acontece que o homem até nem tem andado assim tão afastado dos tribunais, por causa dos cargos que tem exercido nos tais vinte anos, como sejam os de auditor jurídico do Mistério da Administração Interna, ou o de dirigente que dirige gente da PJ. O Conselho Superior do MP, franchisado do Conselho Superior da Magistratura, e o actual titular do cargo de Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, figura sinistra, figura ilustre por ser 4ª figura no protocolo de Estado, estão, apesar de recém-eleitos, bem posicionados na corrida ao troféu de melhor "famiglia" de actores de série de ficção inspirada em factos reais, "The Tenors". E andam a trabalhar, não haja dúvidas. Os homens (Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento) nem se cumprimentam. Vai ser uma cooperação institucional, obrigado jonesy pelo ar fresco, do caralho.

terça-feira, outubro 17, 2006

Conceito libertador...

Que me desculpem as mentes mais sensíveis, mas aqui vai...

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.

Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivamente, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e ... a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar tu pensas "Já me fodi!"
Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país ... ainda vai ser "um país do caralho!"
Atente no que lhe digo!

Tanto talento até mete algum nojo

Um gajo, ou gaja, ouve aquilo em disco e diz "isto é muito bom", um gajo é moderado, contido... Mas vê-se o rapazola ao vivo a fazer magia com um violino, um teclado MIDI, sabedoria, loops, talento, microfones unidireccionais, génio, técnica, jeitinho, pedais de repetição, uma digestão bem feita da enciclopédia musical, um certo surrealismo libertário nas letras, ideias, ideias, e mais ideias, o delay certo e muito bom gosto, e tendemos a adjectivar muito. Rai's parta o gajo, Owen Pallett de BI, orquestrador dos Arcade Fire, Final Fantasy o nome com que cá aterrou. Vamos adjectivar: magnífico. Um caso raro, muito raro. Faz tudo sozinho em palco, coisas belíssimas. Mas consta que se atrapalha com muitas panelas na cozinha.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Cometas no Porto, fogo sobre o rio

Os Comets On Fire no Porto, no Porto Rio, Sábado passado, e completamente passado. Talvez algumas palavras de outros sobre este gang ajudem... Village Voice: "os concertos dos Comets estão, cada vez mais, a adquirir o estatuto de lendários"...; Julian Cope (grande, grande homem...): "merecem gratidão pelos melhores riffs desde sei lá o quê". Declaração de interesses: o 2º senhor a contar da esquerda é um dos meus heróis, o Ben Chasny, senhor Six Organs Of Admittance. "Chasny: equal parts madman and genius folk hero". E já há uns anos que não via um concerto tão insano que um dos guitarristas (Chasny) ficou com a guitarra agarrada à parede, presa, depois de um choque, e continuou a tocar no instrumento supenso. E que bem... O rock, por vezes, soa eterno e soa estranho. Eterno esquematicamente e estranho porque uma mesma canção pode entrar numa compilação chamada "Great Mutants Of Rock" e num qualquer "Giants of Rock" vendido na TV Shop. Os Comets vagueiam por aí, yeah, é mesmo o que eles fazem. E sabem. E que bem...

Já podemos inverter prioridades

Neste mundo, o número de pessoas com excesso de peso já ultrapassa o número de pessoas com fome todos os dias, todos os anos, a cada segundo. Podemos deixar-nos de preocupações com os esfomeados para passarmos a dar atenção aos que têm sempre uma larica.

sábado, outubro 14, 2006

O maior português é este


Garanto que não era minha intenção escrever mais do que uma posta sobre a tal eleição do maior (talvez não o melhor) dos portugueses, porque, sinceramente, tenho cá a sensação de que isso não nos interessa por aí além. Tenho tanta vontade de votar nisso como de me inscrever no "Um Contra Todos". A coisa está a ter repercussões inesperadas - ou talvez não: aposto que todos nós, quando soubemos que uma tal votação ia acontecer, pensámos: "e se o Salazar ficasse em primeiríssimo lugar?". Parece óbvio, coa breca. Esta televisão é um perigo público com dinheiros públicos; mas a blogosfera não amansada anda em polvorosa com o facto de no site (sim, recuso-me a escrever sítio da internet) as sugestões, sugestões meramente indicativas, não incluirem o nosso abnegado santacombadense da voz nasalada. É claro, e desculpem-me, mas mais uma vez tenho de cair em cima do "Abrupto". O chefe Pereira publica um texto rebuscadíssimo de psicologia nacional e política que antes tinha aparecido no Público, completamente inverosímil na análise socio-mental de quem resisitiu quando era tempo e caso disso, e toca a servir de abrigo aos (e volto ao mesmo que disse aqui há uns tempos) apaniguados, e aos seus textos, e delírios. São todos conhecidos. Dele, claro. De palavras ainda assim razoavelmente legíveis e merecedoras de uma leitura, (apesar de já ser previsível uma conclusão de que ainda há muito de Salazar neste país, mas talvez não onde o Pacheco o descortina), passamos a textos de bicharocos que andam a ver vestígios de salazarentismozinhos na actuação de um Governo no qual não votaram. Estes bichos aparecem, desculpabilizadores ao ponto de dizerem que andamos assim atrasados e incompetentes e desnutridos de sonho por causa de toda a cambada que nos governou desde o 25 de Abril. Ora, isto para mim equivale a dizer que no 24 de Abril é que estávamos bem. E, se os lerem, vão chegar à mesma conclusão. Mas eles aparecem, são editados e lidos, a letras azuis. Tudo bem. Mas é possível simplificar a base do problema: afinal de contas, foram sugestões do site não sítio da RTP. Estavas à espera de quê, Pacheco? Se este tipo de programa/entretém já foi feito na Alemanha, achas mesmo que foi sugerido no site da televisão estatal o nome de um tal Adolfo? Depois, só pode enervar o paternalismo de educador-mor do Pacheco. As pessoas, os portugueses, nós, sabemos distinguir a fórmula "os maiores portugueses" da fórmula "os portugueses mais marcantes". Talvez, se fosse este último o desafio, se votasse em massa no Professor Ameaçador de Oliveira Salazar. Mas, como não é esse o caso... Num raciocínio estranhíssimo, pensa que há censura sobre a figura e a memória e a obra do Senhor da Censura (mas havia necessidade do aparte "RTP, que foi criada por Salazar"?). E que não é um fogacho, mas antes é uma corrente mental que grassa por aí desde a chegada ao poder do Maligníssimo Sócrates, tempos negros de censura, manipulação, propaganda, purgas, dominação, saneamentos, silenciamentos... Ó Pacheco, já cansas com as tuas investidas sobre os castelos, porra!

terça-feira, outubro 10, 2006

A votos, por tu, gal (dério)


Vamos a isto, que a moral e o "stamina" do povo está a níveis quase nunca vistos este milénio, que tão longo vai já. Vamos a isto, com as revisões em alta do aumento do PIB; Guimarães é Capital Europeia da Cultura 2012 (só é pena que, segundo a profecia Maia, já confirmada pela Maya, o mundo vá acabar nesse ano. E não consta que seja no intervalo do espectáculo "8 Pianos" com o Sassetti, o Burmester, o Laginha, o Nick Cave, o Elton John, o Tom Waits, o Piano Man e o Jorge Palma, ups...); veja-se a plataforma de entendimento alcançada entre Presidente da República, Primeiro-Ministro e agentes da GNR com pontaria para calar o Alberto Jardim dos Suplícios do Atlântico e Silva; os agentes económicos têm claramente mais confiança na economia que os protagonistas da "Jura" nos/as respectivos/as; vem aí novo filme do David Lynch, o que dá para entreter durante uns anos; o La Féria deu um empurrãozinho à regionalização, ao concorrer à privatização/conspurcação do Rivoli, e a sua solicitadíssima mãe já garantiu o apoio incondicional ao "sim" no referendo ao aborto; isto mexe, senhores. Mas o que interessa é o seguinte: estamos a ser chamados a votar no maior Português de sempre, via RTP (agora em coro: setecentos e sessenta, cem, setecentos e sessenta). É nestes momentos que nos revelamos, despojamos, introspectivamos, retrospectivamos, mijamos nas calças. É o momento da verdade e do divertimento alarve: vamos sugerir, sujar, votar. Tem é de ser neste blogue que Deus e o Ademonstrador ao mundo atiraram. Ó Ademimostrador, faz lá um inkérito!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Momento Tilt


A malta a pensar que el botellon ja teria acabado para el jorgito, quando ele faz mais uma triste aparição, ao nível das de Fátima desta vez na casa da musica, em tributo a Scott Walker, ou como ele disse em jeito de piada em tributo a Scotch Walker. Um momento de pretensioso egocentrismo que bem melhor teria ficado, em forma de vómito, numa das inúmeras toilettes do "geode" inbicto.