Círios

Secção: Arte en mi barrio
Ela dizia- lhe adeus, após cada instante que com ele partilhava. Sabia que cada afago na pele, cada humedecer dos lábios se afundariam, vertiginosamente, como areia numa ampulheta. Ele, nada sabia, a não ser que o desalinho dos seus sentidos amarrotados, teciam vincos de cada vez que se doavam.
Eles nada perderam, nem se encontraram, apenas estavam, rendidos à entrega que os iluminava, como círios, consumidos em lume crepitante. Não se fundira, nem se eternizaram, mas continuarão acesos aos primeiros acordes do "Liber tango".
Amigo Artur Jorge Paulino