segunda-feira, setembro 25, 2006

A pedido de famílias numerosas


Recomeçou o vendaval do aborto. As posições de força, as posições de fórceps, as posições racionais, as de coração aberto, as de ventre aberto, as do coração que sangra, as piedosas, as apocalípticas da cave da vizinha da prima em 2º grau, as adolescências perdidas e dissolutas a que a gravidez e o parto deram um sentido, um caminho (e, por falar em caminhos, há dias em que todos vão dar a Badajoz), a abundância de recursos e o que por aí mais abunda, que é a escassez deles. Recomeçou o festival. Que irá terminar em mais um domingo em que as cidades e as serras terão algo muito mais apelativo para os seus eleitores do que graves e grandes decisões.
As numerosas famílias numerosas que temos por cá já começaram a limpar espingardas. Porque o actual Ministro da Saúde, que ninguém ignora que é chanfrado, já disse que vai fazer campanha a favor do "sim". Vai daí, os numerosos dizem que tem de ser remodelado, porque "enquanto o Primeiro-Ministro está profundamente preocupado com a baixa natalidade em Portugal, o Ministro da Saúde está preocupado com o baixo número de abortos". "É um ministro que não está em sintonia com o seu Governo e tem, por isso, de ser substituído". Ora, assim sim. Quem fala assim não é gago, ou, como diziam mais coisa menos coisa uns memoráveis cartazes afixados há uns meses no Porto, "quem fala assim é porque não foi abortado"! Permito-me um apartezinho venenoso: de certeza que estas famílias de incontáveis se fartaram de dizer alarvidades sobre um futuro Primeiro-Ministro que nunca iria contribuir para o aumento da natalidade em Portugal...
Preparemo-nos para uma versão sofisticadazinha, se tudo correr bem, do "não aspirem o Zezinho". E, quando a coisa for a doer, ver os do costume, o PP Partido Popular, o PP Portas das Patilhas, o PP Padre da Paróquia, a trabalhar, a ensinar, sempre a indicar o caminho da salvação. Que do outro lado estarão as outras, muito donas das suas barrigas, já não tanto dos seus narizes, que esses pertencem a outras colectividades e comités.

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