sábado, outubro 14, 2006

O maior português é este


Garanto que não era minha intenção escrever mais do que uma posta sobre a tal eleição do maior (talvez não o melhor) dos portugueses, porque, sinceramente, tenho cá a sensação de que isso não nos interessa por aí além. Tenho tanta vontade de votar nisso como de me inscrever no "Um Contra Todos". A coisa está a ter repercussões inesperadas - ou talvez não: aposto que todos nós, quando soubemos que uma tal votação ia acontecer, pensámos: "e se o Salazar ficasse em primeiríssimo lugar?". Parece óbvio, coa breca. Esta televisão é um perigo público com dinheiros públicos; mas a blogosfera não amansada anda em polvorosa com o facto de no site (sim, recuso-me a escrever sítio da internet) as sugestões, sugestões meramente indicativas, não incluirem o nosso abnegado santacombadense da voz nasalada. É claro, e desculpem-me, mas mais uma vez tenho de cair em cima do "Abrupto". O chefe Pereira publica um texto rebuscadíssimo de psicologia nacional e política que antes tinha aparecido no Público, completamente inverosímil na análise socio-mental de quem resisitiu quando era tempo e caso disso, e toca a servir de abrigo aos (e volto ao mesmo que disse aqui há uns tempos) apaniguados, e aos seus textos, e delírios. São todos conhecidos. Dele, claro. De palavras ainda assim razoavelmente legíveis e merecedoras de uma leitura, (apesar de já ser previsível uma conclusão de que ainda há muito de Salazar neste país, mas talvez não onde o Pacheco o descortina), passamos a textos de bicharocos que andam a ver vestígios de salazarentismozinhos na actuação de um Governo no qual não votaram. Estes bichos aparecem, desculpabilizadores ao ponto de dizerem que andamos assim atrasados e incompetentes e desnutridos de sonho por causa de toda a cambada que nos governou desde o 25 de Abril. Ora, isto para mim equivale a dizer que no 24 de Abril é que estávamos bem. E, se os lerem, vão chegar à mesma conclusão. Mas eles aparecem, são editados e lidos, a letras azuis. Tudo bem. Mas é possível simplificar a base do problema: afinal de contas, foram sugestões do site não sítio da RTP. Estavas à espera de quê, Pacheco? Se este tipo de programa/entretém já foi feito na Alemanha, achas mesmo que foi sugerido no site da televisão estatal o nome de um tal Adolfo? Depois, só pode enervar o paternalismo de educador-mor do Pacheco. As pessoas, os portugueses, nós, sabemos distinguir a fórmula "os maiores portugueses" da fórmula "os portugueses mais marcantes". Talvez, se fosse este último o desafio, se votasse em massa no Professor Ameaçador de Oliveira Salazar. Mas, como não é esse o caso... Num raciocínio estranhíssimo, pensa que há censura sobre a figura e a memória e a obra do Senhor da Censura (mas havia necessidade do aparte "RTP, que foi criada por Salazar"?). E que não é um fogacho, mas antes é uma corrente mental que grassa por aí desde a chegada ao poder do Maligníssimo Sócrates, tempos negros de censura, manipulação, propaganda, purgas, dominação, saneamentos, silenciamentos... Ó Pacheco, já cansas com as tuas investidas sobre os castelos, porra!

Sem comentários: