Nao quero comecar aqui uma polemica com Metisalfa sobre o melhor metodo eleitoral,mas nao posso deixar de responder ao comentario e voltar a condenar a ideia do segundo voto, que alias me parece ser uma tendencia de uma forma de encarar politica que cresce nos nossos dias com a evolucao do conceito de partido como empresa (ideia muito defendida por a Luis Filipe Menezes), das eleicoes como uma escolha de consumidores, que elegem o produto A em detrimento do produto B, e outras simplificacoes que na minha opiniao estao a destruir a democracia tradicional para a substituir pela “democracia de mercado”.
A segunda escolha permite evitar aquilo que no’s chamamos a “segunda volta”, e os bifes chamam “runoff”. Nao ha’ mais campanha eleitoral, nao ha’ mais gastos e no fundo rentabiliza-se,num dois em um, evitando gastos de uma segunda campanha. Mas vejamos os custos em termos de representatividade real dos votos.
Imagine-se uma eleicao com 3 candidatos fortes. Como poderemos saber quem serao os 2 finalistas? Se alguem votar num quarto candidato e fizer como segunda escolha o 3º mais votado, acaba por perder o direito de voto que poderia exercer se houvesse uma segunda volta. Nao e’ por acaso que nas eleicoes gerais inglesas nao e’ adoptado este metodo. Se mesmo com o segundo voto nao forem conseguidos os 50%, acabamos por aceitar o resultado sem uma segunda volta. Ao contrario do que disse Mestisalfa eu acho que este metodo nao elimina o voto util, pelo contrario torna-o institucional, e, o que e’ pior, creditado com uma representatividade que no fundo e’ ilusoria.
Claro que estes argumentos nao fazem sentido num sistema bipartidario como os que dominam as democracias ocidentais. Mas nao sera’ isto uma reducao fatalista da realidade, com uma logica economicista que sacrifica a terceira possibilidade?
Com este metodo as eleicoes presidenciais francesas que levaram a uma segunda volta de Chirac contra le Pen, poderiam ter terminado naquela noite com uma possivel eleicao de le Pen por dispersao de outros votos pelos restantes candidatos derrotados.
Deveremos deixar que as sondagens conduzam a nossa segunda opcao, sacrificando o voto real pela abstracao da sondagem(que nem sempre e’ representativa, e vem-me ‘a memoria a eleicao de John Major contra todas as previsoes)?
Deveremos, em suma, reduzir o direito da escolha democratica pela poupanca em termos de tempo e dinheiro que eliminar a chatice da segunda volta inevitavelmente conduz?
Com os politicos a entregar fatias de poder ‘as empresas a cada legislatura que passa, e a nossa escolha democratica a ser reduzida ao consumo, elegendo a empresa que nos governa atraves da compra dos seus produtos, acaba por parecer logico que tambem as eleicoes para cargos publicos sejam vistas como um investimento que deve ser rentabilizado minimizando os seus custos, e maximizando os ganhos para os investidores privados da campanha, os "accionistas" do candidato.