sexta-feira, maio 23, 2008

É por ali, corta à direita e depois desvira à esquerda


Se Julio Verne tivesse feito uma incursão por terras de Biseu teria sido um pouco mais ambicioso na sua narrativa e não se ter ficado pelas entranhas de um planetazeco plantado na terceira órbita.
E o mesmo se diria de Wim Wenders que foi um pouco mais além mas não ' til the end of the worldalhão'

Pois eu, com esta indicação preciosa, fui até ao fim do Mundão e regressei para contar.

Foram uns longos cinco minutos para encontrar o centro e espetar a bandeira naquela que é a 10034044-ésima maravilha do mundo.

3 comentários:

Anónimo disse...

como sou um legitimo representante da classe operaria (working classes, mate!,you know what I mean?)tenho afinidades com terras mais modestas. so' conheco o Casal Mundinho!

Anónimo disse...

Sabes que há um belo restaurantezinho, o do Ilídio (não me lembro do nome, só lá fui uma vez, mas aquilo há-de ter nome), no Mundão?
O Ilídio tem uma pança do tamanho de uma Anã Branca, uma goela que é um buraco negro, um olhar... de nebulosa. O Ilídio, dessa vez, veio gabar-se à nossa mesa que continuava, como jovem que se sentia, a beber um garrafão de vinho da casa por dia. Enquanto o dizia, ia bebendo o equivalente a uma singela garrafinha de 0,75cl. Acreditei naquilo que parecia fanfarronice, pois claro.
No restaurante muito bom do Ilídio há um grelhador que é como o Sol. Só esturrica quando não há cuidado. As carnes que nos põe na mesa têm um bronze perfeito. Medalha de ouro. Só não sei se o Ilídio ainda lá está a distribuir maravilhas no prato, porque ninguém aguenta tanta juventude gasta naquele ritmo diabólico numa profissão tão venenosa como "buraco negro da Região Demarcada do Dão".
Espero sinceramente que sim, por mais não seja pela vontade que tenho de lá voltar com um certo expatriado que viveu e tem casa lá muito perto, nessa fronteira mítica do terror de ter um Mundão ali... a 3 ou 4 km. Acredita-me, aquele Mundão não é uma fantasia ingénua do Júlio Verne, não é sequer um mundo perdido do Doyle que apenas faz sorrir, aquilo é um inferno de carne na grelha, carne no forno, carne no caldeirão dos perdidos. Com batatas que uivam como freiras a assar lentamente e arroz de não-baptizados a ficar, lentamente, no ponto. Uma maravilha.
Se tudo correr como contamos que corra antes de lá entrarmos, é uma espécie de fim do Mundo engelhado e insosso, e um real e inesperado início de um Admirável Mundão Novo. Um upgrade do caraças, é o que é.
No fim, um palito mordido com vagar e muita fotogenia. E, coisa de que me lembro como se tivesse sido ontem, lá fora há milhões de estrelas para ver.

José Quitério

Dontpanic disse...

Não sabia de tal restaurante, tenho um amigo astrólogo que resolveu mudar-se para esse fim de mundo. Não fomos ao restaurante mas o tinto era do bom e as carnes também. Apenas o senão do grelhador ter dado o berro talvez por intimidado pela proximidade do garboso concorrente acima descrito, valeu-nos a companhia o sol e uma lupa.