Ontem, um concerto inesperado, rock do bom, o amigo João Filipe chegou e disse: "hoje há rock do bom no Tendão", e nós fomos... E vimos e ouvimos rock do bom, os Here B Dragons (reparai que não são os Here B Lions ou os Here B Eagles, são os Here B Dragons!). Esta noite voltámos lá para fazer o rescaldo, e não é que levámos com Tuxedomoon, Tom Waits, Big Star, Blue Nile, Tim Buckley (sim, não é engano, estou a falar do pai do Jeff)?... Não é todos os dias, e de certeza que o Batô não canta assim... Pelo menos ultimamente, e quem diz ultimamente diz desde sempre...
Toda a acção requer uma nem que pequena reacção.
Não se deve bater aos nossos pequenos
Pois nós invocaremos a besta!!!
Current 93, que muitos de vós, condóminos, sabem ser obssessionis meam, dado o volume de som de algumas festas cá no 3º esq.: tema de capa da melhor revista de música urbi et orbi, "The Wire". O gajo é "meu amigo". On a brighter and more important note, um beijo e um empurrão à su, condómina ainda o edifício estava em projecto, hoje a tua manhã vai ser longa mas bonita, um filme largo com final feliz. Sentados algures, todos, a ouvir-te lá ou cá e à espera da palavra mágica para sabermos que acabou e aplaudirmos: "es-ter-no-clei-do-mas-toi-deu". Brilhante, vamos manjericar! Beijos confiantíssimos!
Esta criatura, cujo facies inspira uma calma, entusiasmo, confiança, estímulo intelectual e optimismo só comparáveis ao que sentimos quando... adormecemos depois de acordarmos de um pesadelo, este ser veio dar um saltinho à velha Europa. Já cá tinha mandado, há uns meses, outro ser, a Lady Rice, para nos sossegar: que não, que não havia voos secretos para lado nenhum e que os prisioneiros que não há não foram, obviamente, levados para paragens fictícias onde ninguém os torturou a salvo de leis algumas que não existem e que, se existissem, não permitiriam que uma coisa tão nojenta como a tortura pudesse acontecer, portanto confiem em nós, "mark my words", o meu papá dizia "read my lips", e toda a gente acreditou... Agora que estou na Hungria e tive alguma dificuldade em perceber que "Hungary" não é exactamente o mesmo que "hungry" e esta gente pensa em algo mais que comida, acho que me calhou mal o discurso em que comparo a revolta dos Hungários ao Iraque. A malta não gostou, manifestou-se e juro que não entendo esta velha Europa. Vou acabar com esta brincadeira das visitas, aqui ninguém me entende. Nem eu os entendo, passam a vida a cantar e a dançar o "Guantanamera" e nem podem ouvir falar em Guantánamo.
...E é bom irmos relaxadinhos; mas agora que fizeram um brilharete no jogo jogado, não se encostem. Keep up the good work, make us all have a good time, já agora, ganhem este jogo também. É que, garantido garantidinho, para já só o título Mundial das camisolas manchadas de suor... Ai ai, estes têxteis portugueses... Mas: grande joga contra o Irão! Irão-contra joga grande, mas...
Calhou-nos o azar de podermos decidir a sorte, no Mundial FIFA-pap (Federação Internacional das Famílias Arruinadas pelas apostas do pai), dos vencedores do concurso Nação Mais Perigosa do Mundo 2006, o Irão. Sabendo que o fanático Ahmadinejad também o é por futebol, e se a coisa hoje correr bem para nós, esperemos que o Irão-que-já-foi-bem-mais-fixe-quando-era-a-Pérsia não se vingue... Mas, se o fizer, que siga o exemplo da cultura geral/geográfica da maioria dos habitantes do Grande Satã e apenas moleste a nossa capital, Madrid.
...estamos mais ou menos à vontade para dar cabo sem piedade das selecções que representam nações que foram berços de civilizações. Irão e México... Mergulhar a fundo e rebentar com tudo, à grega e à romana, à espanhola, à "grunge" e à francesa... Mergulhar com orgulho. Mas, como somos lusos e temos aquele problema com a matemática, portem-se bem e ganhem e não nos obriguem a fazer continhas, porque já sabem que ninguém acerta... Vamos algoritmicamente por aí, sem limites assimptóticos, e vão ver que chegamos lá...
Homem do jogo, jogador do dia, player of the game, gajo da jornada, chamem-lhe o que quiserem, ao Figo. "This time, he really deserves it". Muito, muita bom. Já tínhamos prometido, à mesa do café, inventar uma playlist para os jogadores que não revelaram o conteúdo dos seus iPods. O Figo, por acaso, até o fez; mas, como não gostámos muito da selecção (dele, a musical), toca a fantasiar e desculpem a repetição exagerada de uma ou duas palavras, mas é que o rapaz (que já não é rapaz nenhum, tem quase a nossa idade) hoje entusiasmou e pôs-nos todos assim, a modos que, entusiasmados. Aqui vai o que o desconhecido marido da Helen ouve:
Aparentemente um jogador da Argentina vai envergar as meias com que el Pibe Maradona disputou o último mundial. Já devem faltar algumas linhas mas a inspiração deverá ser profunda.
As tais obras que o amestrador prometeu, como é que é? Infiltrações, água por todo o lado, há quem garanta viver num pântano e não ver a luz do sol há meses. Reivindiquem, reivindiquem! Esse Pintassilgo nunca convenceu ninguém, o currículo dele inclui a renovação do Jardim da Cordoaria, a reabilitação do C.C. Brasília, o desenho da cozinha do Manuel Alves, o Clérigoshopping...
É isto que vamos deixar que nos façam? E a plataforma do Manuel Alegre? Não se pronuncia?
Obviamente, algo se passa aqui... O fenómeno não é muito diferente do que se viu no filme "Poltergeist". Sendo que o portal entre os mundos, no filme, era uma reles TV, e agora é um prédio inteiro. Urge uma reunião, alguém anda a invocar coisinhas más. O condomínio é diverso, tanto pode ser o trabalhólico lá de cima como a dona de casa desinspirada aqui ao lado... Mas de uma coisa podem estar certos: o Santanismo, aqui, não pega!
Lindo fim de festa. 40 horas, um non-stop de surpresas, tal como planeado. Mas, às 19.45, intervalo de alguns para um saltinho ao futebol, que isto de um dia inteiro de Serralves não é coisa de que um gajo se gabe lá no emprego... Depois, um cartão vermelhíssimo à modorra, deixem passar a música e tudo o que tem lá dentro, com contrabaixo e contratédio, serrote e bateria descartável com o anti-Joker ao microfone e ao piano e ao acordeão e nos limites do falsete humano (mas não é do humano que se fala aqui, porque a inspiração e os textos vieram do H. P. Lovecraft), desenhos de Danielle de Picciotto que podiam ser nossos se soubéssemos fazer aquilo, senhoras e senhores - os Tiger Lillies, com uma presença doutro século e doutra dimensão e doutro catálogo primavera/verão: Alexander Hacke, o segundo senhor dos Einstürzende Neubauten. Ou, se preferirem vê-lo assim, o próprio Lovecraft. Debaixo da tenda de circo, arregalaram-se os olhos, desenceraram-se os ouvidos, abriram-se as bocas para deixar entrar o tal "inominável" de que falava o escritor. Enrolado em "cabaré", o que pode parecer estranho, mas não é.
As pessoas dedicam-se às coisas mais estranhas que se possam não imaginar... Esta não lembra ao mafarrico. Faz lembrar o "separados à nascença" d' O Independente quando era bom e independente, não? Apesar do Portas, mas na altura fazia tanta mossa no cavaquismo que até gostávamos dele. A mão é do Alex, o seu a seu dono, a César o que é de César, a cada um o de cada qual, a César a mulher de César, ao Alex a mão do Alex.
