sexta-feira, junho 23, 2006

Vêm cá fazer pouco de nós...

Esta criatura, cujo facies inspira uma calma, entusiasmo, confiança, estímulo intelectual e optimismo só comparáveis ao que sentimos quando... adormecemos depois de acordarmos de um pesadelo, este ser veio dar um saltinho à velha Europa. Já cá tinha mandado, há uns meses, outro ser, a Lady Rice, para nos sossegar: que não, que não havia voos secretos para lado nenhum e que os prisioneiros que não há não foram, obviamente, levados para paragens fictícias onde ninguém os torturou a salvo de leis algumas que não existem e que, se existissem, não permitiriam que uma coisa tão nojenta como a tortura pudesse acontecer, portanto confiem em nós, "mark my words", o meu papá dizia "read my lips", e toda a gente acreditou... Agora que estou na Hungria e tive alguma dificuldade em perceber que "Hungary" não é exactamente o mesmo que "hungry" e esta gente pensa em algo mais que comida, acho que me calhou mal o discurso em que comparo a revolta dos Hungários ao Iraque. A malta não gostou, manifestou-se e juro que não entendo esta velha Europa. Vou acabar com esta brincadeira das visitas, aqui ninguém me entende. Nem eu os entendo, passam a vida a cantar e a dançar o "Guantanamera" e nem podem ouvir falar em Guantánamo.