Ainda o casamento gay. (já agora, fico ansiosamente à espera do 1º convite)
Neste dorido artigo, temos: 'a democracia está a passar por um momento muito perigoso' (isso parece ser verdade e é uma verdade fodida), 'a nova lei, assim como veio, um dia irá com igual facilidade' (isso já soa a wishful thinking de um perdedor a bater com a cabeça na parede, mas só de vez em quando para não doer muito todos os dias); 'o mais recente passo de uma vasta campanha de promoção do erotismo, promiscuidade e depravação a que se tem assistido nos últimos anos. Por detrás de leis como o aborto, divórcio, procriação artificial, educação sexual e outras está o totalitarismo do orgasmo' (esta só me faz pena deste senhor que prefere outros totalitarismos, quando tem esse à mão. Literalmente à mão); 'parece que o deboche agora se chama "modernidade"' (boa, aqui acertou. Soa muito melhor assim); 'se um dia, em vez de uma maioria porcalhona, tivermos um parlamento nihilista, espírita, xenófobo ou iberista, o que salva a identidade nacional?' (magnífica a ideia de maioria porcalhona. Muito badalhoca já é a insinuação iberista. Não queremos nada com o 'salero' das outras, e principalmente dos outros); 'ao eliminar a aura de minoria perseguida de que têm gozado os comportamentos sexuais desviantes, vai finalmente revelar-se a sua verdadeira realidade e assim contribuir para destruir-lhes o encanto' (então, afinal a lei é boa. Como o milho? Não, não pode ser, senão torna-se porcalhona, como esses porquitos rabetas); 'a actual visão dominante do casamento, de qualquer sexo, é hedonista, precária, egoísta. Mas esta tolice ideológica não durará muito, como não duraram os delírios das gerações anteriores que hoje tanto nos desgostam' (curiosa esta nota. Misteriosa e contraditória, só dá para presumir que se refere à geração do Maio de 68. Será, então, melhor passar à seguinte. Do 69).
Mas esta pessoa tão inconscientemente cinematográfica ainda consegue cair na maior armadilha possível: a deixada por ele mesmo - 'A nova lei, apesar de ser um marco milenar em termos formais, poucas consequências práticas terá. Depois do folclore momentâneo, amortecido pela crise e o campeonato do mundo, as coisas ficarão quase na mesma'... Grande João César das Neves. Não sei se tenha pena ou frio.
Houve um outro João César que adoraria ver dar cabo dele. O Monteiro. Isso é que era isso...
Só para terminar, a criatura é colunista num jornal, paga pela sua condição de economista para falar de economia. A coluna diária chama-se 'Não Há Almoços Grátis'. Quanto a isso, já toda a gente percebeu que tem razão. A barrigada de riso (bem como a de estupefacção) é que anda bem distribuída.
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