Secção: Vou lá quando me apetece e no Natal
Douro acima, Douro abaixo, lá anda ele... Já foi mais lento, já foi rápido e até já foi mais moderno, mas o encanto é sempre mesmo. Não tendo carro disponivel, lá vou eu, 3h, 5h de viagem, dependendo da hora a que aventuro a mais um encontro com a paisagem que me viu crescer e que eu vi mudar.
Entro no Pocinho, foi mesmo em cima da hora, 16:50, olho á minha volta e ninguém conhecido, maravilha, não estou com vontade de me distrair com conversas de ocasião. Aparece o pica, tem um ar muito gingão, " Para onde vai cara linda?" mau, mau penso eu, " Porto, se faz favor." digo secamente para não alimentar intromissões e sorrisinhos descabidos, "Campanhã ou S. Bento", ora que grande porra, "Pode ser S. Bento", " E quer esperar uma hora na Régua pelo inter regional ou vai até Caíde e muda para outro regional?", arre, isto está dificil, QUERO IR PARA O PORTO, " Mudo na Régua", " 12 euros e meio cara linda", cara linda é... " Faça favor".
Começa a viagem e logo se vê o Douro, entalado entre montes, sem escapatória possivel, só um caminho, só um destino.
Primeira estação, Freixo de Numão, desactivada, como a grande maioria de estações e apiadeiros entre o Pocinho e a Régua, é o reflexo da desertificação de todo o interior, mas o Douro continua a deslizar entre as ladeiras, magnânimo, soberbo, o mais fiel e inquestionável companheiro de viagem. Para trás ficam histórias, utopias, os mais memoráveis dias da minha infância.
Cada viagem neste mítico camboio é um refresh daquilo que fui, daquilo que sou e daquilo que penso que quero ser.
Um Bem Haja linha que segue esse senhor Douro, louco, temperamental domesticado que tanto nos fizeste e fazes sonhar...
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