segunda-feira, julho 31, 2006

A guerra que não o é vai de fim de semana

Se calhar, não é guerra mesmo. Assim, vista de longe e sem ter lido Sun Tzu, parece mais um trabalho. Contam-se os dias desde que começou, isto é, a antiguidade no posto; contam-se as vítimas e os danos e as infraestruturas afectadas e os operacionais do Hezbollah neutralizados, i.e., a produtividade pura e dura de um trabalho duro; ocorre um acidente de trabalho, interrompe-se a laboração por 48 horas para um inquérito interno, notar bem: interno, sem a Inspecção-Geral do Trabalho Sujo ou alguém de fora a intervir; mandam-se os funcionários para casa, com ordem de regresso para daí a dois dias; o incidente não foi nada de mais e de certeza que no fim do prazo estará tudo esclarecido; pelo meio, em reunião com a administração, consegue-se um prazo mais alargado para responder à encomenda, digamos uns 10 a 14 dias; dito assim, parece pouco profissional para um mundo tão competitivo, mas a administração é mole e é amiga e, enquanto puder, deixa andar.
Cada vida rebentada naquele prédio foi avaliada como tendo direito a 1,25 horas de inquérito oficial. Faz sentido: metade das vítimas tiveram direito a uma vida neste mundo não muito maior do que isso. E não, não acredito em escudos humanos.

1 comentário:

Dontpanic disse...

Pois é, chega Agosto, a máquina do estado pára, mas deve ser apenas um leve resquício de habitos passados. Deixam a malta ir a banhos por uns diazitos para esquecer quem se abateu pelas fundações.