quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Este quer metê-los cá à força

Doido como sempre, despropositado como de costume, desconcertante como poucos, inábil como a maior parte dos colegas, tenta seduzir os empresários chineses. Não com danças e meneios de anca, como possa parecer (a excelente foto é de alguém do Expresso, não havia sinais de creative commons, rapine-se), mas com a sugestão de que Portugal é (uma certa) China da União Europeia. É verdade que os salários são baixos, mas parece-me arriscado procurar esse tipo de afinidades. Vivemos num rectangulozito de alto risco, baixos salários, resquícios de mão de obra infantil (já muito se fez e bem) e empresários adolescentes, economia oficial de mãos dadas com uma economia encapuzada. Um antigo Império, não do Meio, mas de Todo o Lado, em saldo e pedinchoso. Mas detestamos ver comitivas partirem com intenção de abrir os braços e regressarem com as pernas irremediavelmente afastadas. Alguém falou por lá de democracia e direitos humanos e direitos laborais, nem que fosse entre dois salamaleques e vénias imbecis? Não. Mas o Manelzinho tinha de falar, e falou. De um pequeno país periférico, perdido, desesperado. Cujos governantes são tão intuitivos que sabem dizer as palavras mágicas para o interlocutor que têm à frente. Neste caso, para os chineses, "salários competitivos", dos mais baixos da União Europeia. Os chineses, aposto, não vão em conversas, e o Manuel Pinho não engana quem tem o trabalho de casa muito bem feito. Ou seja, esse desgraçado discurso não serve para nada. Mas aposto que há-de ter posto a cabeça em água a muita gente que está a tentar, contra tudo e contra os chineses, construir uma União Europeia em condições. Cada tiro, cada melro... Apre! E não se pode exportá-lo?

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