quinta-feira, julho 26, 2007

Esta história nunca mais acaba?




Há uns meses, a palavra-chave para quem queria sair-se bem numa crítica sucinta ao governo socrático era (de preferência assim mesmo, repetida várias vezes e cheia de exclamações): "propaganda! propaganda! propaganda!".
À custa de meia dúzia de atitudes cretinas de poderositos que todos sabemos que andam por aí: nas direcções-regionais disto e daquilo; nos centros de saúde perdidos na mortífera interioridade, onde esses poderositos quase respiram o ar do Olimpo, porque são doutores e, melhor é impossível, patrões de outros doutores; à boleia do ar nada simpático de um ministro
como o Augusto Santos Silva e as suas novas leis para a comunicação social, que quase parece que toda a gente leu (o que, desconfio, a maior parte dos profissionais não fez), as palavras-chave agora são "censura! medo! censura! medo! medo! censura!".
Não há quem não tenha dado opinião, e aconteceu um fenómeno engraçado nestes últimos meses. A saber: todas as opiniões sobre o assunto são válidas, excepto as dos que não alinham na história do medo e da censura. Para recentes defensores encartados da liberdade de expressão, não está mal.
Convém não esquecer que há pouco tempo o Botas ganhou um concurso chamado "Os Grandes Portugueses" e não um concurso chamado, por exemplo, "Os Portugueses Mais Marcantes", o que já seria mais aceitável. O santacombadano é, portanto, e até próximo divertimento a €0,60, simplesmente o maior português em exercício lá onde quer que esteja. Adiante.
Esteve à vista de todos, todos, o que se passou na DREN (odiozinhos, poleiros, idiotas úteis a bufarem). Se a história devia ter terminado logo que começou? Sim, claro, com vontade e inteligência política do nosso PM e da destravada Ministra da Educação. Não esperar três meses para arquivar um processo que só podia morrer ali, e de preferência dar um pontapé naquela coisa que foi reconduzida na direcção. Os verdadeiros maus sinais desta história toda? A incapacidade de pôr fim ao falatório, deixando a bola de neve rolar à vontade, punir os medíocres lambe-botas, sair por cima quando isso era obrigatório. E esse ambiente medíocre de cortar à faca, nas direcções-gerais, é mesmo o piorzinho. Já agora: alguém soube o nome do bufo?
Conhecem professores? Óptimo. Perguntem-lhes (e disfarcem, não lhes digam ao que vão...) se, nas salas de professores, se fala das políticas da ministra. Responderam que sim? Perguntem, agora, em que termos. E preparem-se para o que vão ouvir. A seguir, perguntem-lhes se têm medo de dizer o que dizem nas salas de professores das nossas escolas públicas. Bingo! Não têm. Como, até ver, não há controlo ministerial sobre os mails que circulam entre o professorado, em que não falta matéria de ilícito penal. Eu sei, já vi muitos. Quase nenhum está livre de erros ortográficos, abundam os gratuitamente insultuosos, alguns são asquerosos. A mítica "geração rasca" cresceu, e está a dar aulas.
Nos centros de saúde, ficámos também a saber que não é lá muito democrático chamar à liça quem deixa afixar cartazes meio adolescentes com bocas ao ministro, mesmo se se usam declarações do próprio. Estarei doido, ou o mundo do trabalho é mesmo assim tão fixe? No "lá-fora", ou seja, fora da função pública em que se tende a não pensar no nosso superior como um superior, visto que o patrão é o Estado e esse não pode estar em todo o lado todo o tempo, também é assim? Nos jornais a malta pode colar uns cartazes a gozar com o director, ou o sub, ou o administrador da empresa proprietária?



1 comentário:

Anónimo disse...

O "la' fora" nao e' nem pode ser comparado com o estado. O primeiro-ministro nao pode ser visto como uma entidade patronal. E como parte de um governo eleito nao pode apresentar nem permitir comportamentos deste tipo. O que se passou na DREN, por mais infatil que seja o acto do professor, e' uma vergonha, e o silencio dos ministros, da educacao e o primeiro, nao tem desculpa.