sexta-feira, julho 06, 2007

É, tudo acaba.


Hum, deixa cá ver... Agora que a cassete foi oficialmente declarada morta, o que é que posso dizer?
Que gosto de cassetes e que, mesmo agora, numa época que já podemos chamar de pós-cd, sempre que entro numa loja, ou supermercado, ou hipermercado, ou mercearia, que vende "cassetes virgens", apetece-me comprar.
Que vou ter saudades.
Que os dias em que os meus irmãos apareceram cá em casa com cassetes dos U2, dos Bauhaus, dos Smiths, por esta ordem, mudaram a minha vida. Raios os partam, estava eu tão bem a crescer.
Que espero continuar, como ainda hoje acontece, a encontrar cassetes antigas nos sítios mais estranhos.
Que a minha namorada é minha namorada por causa das cassetes que lhe gravei, e também ela se espanta quando elas saltam das gavetas.
Que a experiência mais parecida com tocar ao vivo para 50.000 pessoas e elas adorarem é... gravar uma boa compilação numa cassete.
Que detesto gravar compilações num cd-r. Porquê? Vocês sabem esta... Não ouvimos o que estamos a fazer.
Que adorava quando pedia: "duas de crómio de 90 minutos, fachavor".
Que adorava entrar nas polémicas "cassetes de crómio vs. cassetes de metal". As de ferro não entravam no campeonato, eram mesmo muito más. Não me julguem, entendam-me. Vocês também passaram por tudo isto, de certeza.
Que, quando um gajo fazia uma boa cassete, fazia capas. E as capas eram, quase sempre, feitas de recortes. Recortes únicos ou colagens, tanto fazia. O que não havia eram os diabos das impressoras.
Que ficava doido quando a filha da puta da fita acabava 27 segundos antes do fim da música que um gajo escolhia tão criteriosamente para acabar a obra prima.
Que nunca fui aos arames quando a fita enrolava. Ia à casa da vizinha, que tinha um jeitaço para desdramatizar.
Que adorei quando inventaram essa modernice do auto-reverse. Como é que nunca nos lembrámos daquilo?
Que há bandas que só ficam bem numa cassete. The Fall, The Fall, The Fall.
Que o cd só tem um olho, as cassetes têm dois. Ou seja, levam o stereo muito a sério. Ou o stério muito a sereo.
Para finalizar: a morte da cassete foi anunciada para todo o mundo e todas as gentes donas de cassetes. Cada um, com as suas, viverá esses momentos finais como achar melhor e optará, ou não, por tornar públicas as últimas palavras das moribundas.
As minhas pequeninas, quando se finaram, disseram, todas de mãos dadas: "diz ao minidisc que está perdoado".
Seria fita?
É possível, afinal de contas eram cassetes e foram-no até morrerem.
Paz às suas patilhas de segurança. Vou ter muitas muitas muitas muitas saudades e podem crer que vou comprar um PORRADÃO delas enquanto ainda estiverem por aí à venda.

4 comentários:

Paula disse...

Lindo! Fiquei de lagrima no canto do olho, sem palavras. Apetece-me ir revirar a casa toda e reencontrar essas companheiras escondidas... e tambem comprar caixotes delas, para matar saudades quando me der na gana...

aalavic disse...

Muito, muito bom!

Anónimo disse...

Pois eu tenho k7´s no carro... E não disse "ainda tenho", pois não?!

Logo, não percebi...
K7´s is dead, brother?!?!

(anónimo jonesy)

Anónimo disse...

Come on, bro'!
Say something!

Tenho BASFoder, TDK, crómio, ferro...

60 mins e 90 mins, embora as de 90 se desgastem muito, mas cabe lá um disco inteiro!

O quê?
Não me digas que o disco também... ..... .... ... .... ....


(joseny, um anónimo)