quarta-feira, março 19, 2008

Foi-se; nada de surpreendente derivado ao adiantado da idade, mas foi-se.


Morreu o velhote que me entusiasmava e assustava com uma beeeeela série de programas de 25 minutinhos com o estranho nome "O Estranho Mundo de Arthur C. Clarke". Provavelmente, já só o vi em reposição. Mas vi-o e era uma obsessão. Não li nada da obra escrita, vergonha, vergonha. "Nem o 2001"?!.! Nem o "2001"...
(podem dizer-me que o filme é isto, gigantesco, e o livro é aquilo, brilhante, mas o filme É o filme e... bem, já foi há muito tempo, mas li o "Shining" do Stephen King e fiquei esclarecido. Para mim, o Kubrick passou da profissão de realizador para o mester de alquimista, especialidade "transformar merda em ouro", quando acabou a coisa, o pesadelo Jack Nicholsoniano. Pensei que o Sir Arthur seria mais um escritor mediano com uma boa ideia a merecer a atenção do mestre, oh, mestre... No entanto, agora que penso nisso, o "Lolita" é uma adaptação do Nabokov. Outro mestre. Então, se calhar, se calhar... Mas não, não, o Stephen King...). Lembrei-me apenas do conto "The Nine Billion Names Of God", que aparecia transcrito no "Despertar dos Mágicos". Fui relê-lo agora, e, porra... Bom!
Algumas sugestões por aí? Vizinhos que foram mais espertos que eu e leram Arthur C. Clarke quando deviam?
Entretanto, homenagem cá do condómino (antigo 3º esquerdo, actual inquilino das águas-furtadas), homenagem sentida ao programa de TV, com pele de galinha. E basta isso: para mim há mais um imortal sete palmos abaixo do chão, ou em partículas no ar, ou em cinzas pela terra. Digo-vos: um dia, vão todos (os bons espíritos medonhos) acordar e divertir-se muito lovecraftianamente. E talvez marquem um festim no Tibete, quando estiver livre de filhos da puta.

2 comentários:

Anónimo disse...

o livro e' uma colaboracao de ambos, kubrick e clarke, e no fundo e' uma amalgama de pequenos contos deste ultimo. nao acho que seja o livro mais representativo de clarke. muito do melhor que se fez em ficcao cientifica sao pequenos contos (e ai acho que ninguem superou brian aldiss,depois de H G Wells. Na FC ha' o antes e o depois de Wells.)
tenho tambem muitas e boas memorias da serie dos anos 70! a musica de abertura provocava uma arrepio e depois, de olhos muito abertos do tamanho de pires, viamos todos os nossos medos tentarem ser racionalizados, mas havia sempre pelo menos um caso nunca explicado!

Anónimo disse...

I rest my case.
A série era mesmo assim.
Havia sempre um fantasma que sobrava para nós aturarmos à noite, no escuro e no gelo dos lençóis.
Nessas alturas, havia sempre monstros debaixo da cama, monstros de outro planeta, ataques dos demónios da neve e o progresso científico era uma treta.
Hoje, falei com um amigo que me contou um conto do Clarke: o da civilização extraterrestre que encontrou a Terra dizimada e uma única bobina de filme. O filme era uma curta do Walt Disney, o protagonista era o Rato Mickey. Nós passámos a ser uns desenhos animados por esse Universo fora.