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Acontece que isto, o "Preço Certo em Euros", é mesmo o campeão de audiências da RTP. E também acontece que ninguém imagina, pela força que o hábito tem, outro horário para os tempos de antena de partidos, movimentos, associações que costumam aparecer por ali a alegrar as nossas "oito menos dez", senão as tais "oito menos dez".
Mas também acontece que os nossos senhores têm todo o ar de terem estudado todas as lições que havia para estudar, incluindo os case-studies "Como não entrar de chancas com o Prof. Marcelo e trazê-lo para a RêTêPê" ou "Como não metaforizar incubadoras", e têm sabido ensaiar manobras deixando uma dúvida razoável nos bem intencionados. Mas já não há qualquer dúvida sobre o intuito de mexer-parecendo-que-não, e parece bem que ponham uma trela bem curta no Augusto Santos Silva. Parece razoavelmente óbvio que marcar, por decreto, uma hora diferente e comprovadamente com metade da audiência, para o Tempo de Antena (essa instituição da ida à casa de banho), só aproveita à maioria na Assembleia (essa instituição da ida à cafetaria). Bem, a procissão ainda vai no adro e o santo ainda só tem umas escoriações. Mas começa a comichar por aqui a ideia-fungo de que uma boa parte da energia de quem nos conduz destina-se a criar uma redoma de ficção científica (olá Mariano Gago, apagadote, não?), ensolarada, amena, inútil. Não votei neles (votámos? quantos?) para isto. Isto é uma paixão pelo eleitor microscópico, entediado, ensonado. Amanhã vão pontapear-nos para fora da cama num belo Domingo, e vão dizer que contam e sempre contaram connosco para mudar o que está mal.
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