quarta-feira, novembro 19, 2008

A velha história dos títulos em português.


Cunhada amiga alertou para a existência de duas cópias em DVD, numa loja específica da Media Markt, de um filme que vi e revi há anos no Fantas. Que me encantou, e a todos os que consegui, com o meu enorme poder de persuasão, arrastar para o Rivoli no único ano em que houve reposição: a lista é enorme e ilustre.
Ela comprou uma cópia, eu arranquei com umas dezasseis voltas de atraso e fui à procura da outra. Encontrei-a, e babei-me, babei-me muito, babei-me bué.
Orgulhoso, chego a casa e arranjo-lhe lugar na prateleira. Quando tenho um dvd novo não vou a correr vê-lo, guardo-o. Porque quase só compro filmes que já vi.
Ao vê-lo assim, arrumado, vertical, acompanhado por outros lindos pedaços de cinema, reparo no título em português e penso no desastre de titulagem que é quase uma mania nacional. E, ainda por cima, neste caso há um outro filme hollywoodesco e bullshitesco, é estranho, exactamente com o mesmo título em português. "Caçador De Sonhos" (é só aqui? não: vimos o "Crash" do Cronenberg, um murro no estômago ou na próstata. Uns dez anos depois, outro "Crash" ganhou o Óscar para melhor filme. E bem bom que era, quase tão bom como O Outro, o primeiro, o do Cronenberg, enfim, o 'Crash').
Mas o que me fez começar a escrever esta posta foi o amor que tenho por grandes filmes que não merecem títulos em português como:
-'Um Assassino Pelas Costas'
-'História De Um Fotógrafo'
-'Que Grande Embrulhada!'
-'A Fúria Da Razão'
-'Experiência Alucinante'
-'Escolha Mortal'
-'Segredos Urbanos'
-'A Casa Maldita'
-'Lilith E O Seu Destino' (esta, então, é uma pescadinha de rabo na boca...)
Já agora, o filme que fez nascer esta linda posta foi realizado por Nick Willing, que é filho da Paula Rego, mas isso não interessa nada agora. O gajo fez uma obra-prima praí à 2a tentativa, o título original é "Photographing Fairies". Muito melhor do que 'O Caçador De Sonhos'.

imagem: "First Blood"; em português: um glorioso e apatetado "A Fúria Do Herói".

4 comentários:

pauloduartebarbosa disse...

O pior caso que conheço é o "Vertigo" do Hitchcock.

Um iluminado decidiu traduzir brilhantemente para "A mulher que viveu duas vezes", destruindo por completo grande parte do suspense criado pela aparente morte de uma personagem que - oh, que grande espanto! - volta à vida antes do final do filme.

Não é bem assim mas o filme fica metade estragado.

A sorte é o Alfred ser tão grande que o filme sobrevive ao título em português.

Anónimo disse...

bem mais poetica versao alema: elfengarten

Anónimo disse...

Boa, Paulo. É verdade. Um dos filmes da minha vida tem um título horrendo na língua do meu país. Estúpido, mesmo.
E se a mesma criatura que verteu (é a palavra) para português o "Vertigo" tivesse tido a responsabilidade, é verdade que com algumas décadas de diferença, de dar um sentido ao 'Lost Highway'?
Dava em doida, com certeza, perguntava se aquilo é cinema e pedia uma junta médica para ela e, se pudesse ser, para o patrão.
Um abraço, e

bom continuar a ver-te por aqui.

Anónimo disse...

...e igualmente bom continuar a ler o nosso germanófilo de Londres. Não é "O Nosso Homem Em Havana", mas quase.