quarta-feira, janeiro 02, 2008

2008, Ano Mundial das Virtudes Sociais, Terapêuticas, e Das Que Ainda Estão Por Descobrir Mas Temos a Certeza De Que Lá Estão, dos cigarros.




Mandem também as vossas memórias do que costumavam ser os dias de fumo irresponsável, desleixado, simpático e falador, entusiasmado e militantemente aborrecido, cigarrinho amigo, porreiro, a prazo pouco amigo da "saúdinha" que toda a gente teima em pôr em primeiro lugar nos desejos de ano novo.
Digo que isto parece um país de tuberculosos, este em que basta um gajo ser apanhado por uma equipa de televisão a pedir que recite os desejos para o novo ano e imediatamente diz "o que é preciso é saúde". Só isso, mais nada? Foda-se, parece que ninguém a tem, essa tal saúde, é preciso procurá-la com lanternas. Doentes doentios, obcecados com as taxas moderadoras. O nome técnico é "pacientes", mas nunca o serão, mais vale chamá-los doentes.
Putos, mais novos que qualquer um de nós (condóminos velhadas e fumadores doentios), arreganham as tachas e dizem que esperam muita "saúde" do ano que aí chega a correr, tão rápido como a melhor ambulância do INEM. "Saúde", o expoente, a imagem mais acabada daquilo que não depende exactamente de nós. Deus nos valha e nos livre e proteja e nos guarde da falta dela...
Com a tal saúdinha um gajo aguenta tudo. Até os atropelamentos nas passadeiras, os motoristas de autocarros turísticos que vão morrer nas ribanceiras da Espanha, o come-e-cala do joguinho dos impostos em Portugal, a lei da mobilidade especial dos Armandos Varas, os anónimos pater-familias suicidas que adoram Espanha e as suas estradas, o one-man-show do nosso Primeiro no Natal e o fantástico concerto do Presidente no Ano Novo, os grandes bancos à venda em hasta pública frequentada exclusivamente por concorrentes, os patrões foleiros dos idiotas das Beiras que caem como tordos nas estradas demasiado rápidas de Espanha, mad Maddie year e a respectiva humilhação planetária, e os tais atropelamentos originalíssimos nas passadeiras.
É por estas e por outras e mais umas que nós cá sabemos que a saúde a mais é um perigo. Regra dourada para qualquer criador de Universos: ser parcimonioso na distribuição de "saúde"aos portugueses. Não sabem muito bem o que fazer com ela, embora berrem que nem uns cabritos quando lhes parece que lhes está a faltar. Não a saúde, mas a "saúdinha" que adora ir às Urgências só porque um fumador nos tossiu para cima das feridas de uma vida nas minas de urânio; e antes eram de volfrâmio.

Sem comentários: