segunda-feira, outubro 20, 2008

Reencontro com surpreendente saudade.


Vi hoje, pela 1ª vez, o 1º do Lars Von Trier e tenho saudades do gajo que podia ter feito coisas destas por muitos e bons anos.
Além deste, só o "Europa" e o "Dogville" resgato do lixo sádico e tóxico do caixote do Von.

10 comentários:

jonesy disse...

E os "Idiotas"? Por acaso, gostei.

E p "Lêndeas de paixão"? Arrebatador, men, arrebatador!...

Anónimo disse...

Bem, ãããhhhh... Amigão, na posta não me esqueci de nenhum de que tenha gostado realmente, mas isto apenas sou eu a falar, com os meus gostos, só isso.
"Os Idiotas": o gajo, o Von, apareceu com um movimento a pretender restaurar a verdade no cinema, o Dogma. E veio apetrechado com um farol, que por acaso é um filme, 'Os Idiotas'. Aquilo não é bem um filme, é um instrumento. Já para não dizer que o cinema nunca foi SÓ 'verdade'. Quer dizer, pode ser 'verdade', claro. Mas, e tudo o resto? Dispensam-se autoritarismos. Muito mais no mundo da "arte", de que o cinema faz, apesar do Von Trier, parte. Uma lição que o Von Trier recente poderia ter aprendido com o Von Trier antigo, essa da liberdade de ser autor e fazer o que bem lhe apetece. E que lhe saiu tão bem sempre que não quis ser o moralista de serviço.
O "Lendas de Paixão", para mim, já é (vista à distância o resto da obra) o bilhete de entrada para o horror que foi, uns anos depois, o "Dancer In The Dark". Manipulador, mistificador, onanista (para não escrever outra palavra começada por 'm'), até um bocadinho pulha. Não me levem a mal, pá, mas é isto que sinto, e é sentido...
Abraçalhada!!

genital apoteótico disse...

Estamos muito mal se dizes que a série "O Reino" também não presta. levas com o bombo na cabeça :-)

genital apoteótico disse...

O "Dancer With The Shark" é mausinho. o "Cadernetas de Paixão" tinha substrato para ser melhor.

Anónimo disse...

Eh, eh, eh. Temos polémica.
Estive quase para falar do "O Reino", por acaso. Até simpatizei com a coisa, mas acho que nunca consegui (por impossibilidade mesmo, não por má vontade) ver um episódio do princípio ao fim. Portantos...
Há, em casa da Jorginha, um dvd chamado "The Five Obstructions" que tem o Von na capa. É capaz de ser mais uma experiência de televisão. Mas tenho resistido a vê-lo, tal o medo de que apenas o título seja bom.
Mas, cambada, estou aqui, como sempre, à espera que o gajo faça alguma coisa de encher as medidas. E a prova de que não estou de má fé é o facto de achar que o "Dogville", uma coisa recente na filmografia dele, é nada menos que maravilhoso.
Abraço.

jonesy disse...

Olá, então viva. E tu quem és, Bruno? Ok, adiante que se faz tarde, vamos lá:

Europa é bom, ou muito bom, depende - quando se vê na (extinta?) Casa das Artes até é fantástico!

Les Idioten (pardon me denmarkishen) é engraçado, vê-se bem, mas prefiro o Manual de Instruções para Crimes Banais, ou o Eraserhead. Ou umas boas batatas fritas com sabor a presunto em noite de moca, oh yeahhh!!!

O Arrotos de Paixão... foi brincadeira! Gostei, como gostava de tudo o que era arrebatador na altura, pá. E se me lembrar do Carteiro de Pablo Neruda, d´As Pontes de Madison County, verto já aqui 2 ou 14 lágrimas, ok?

Agora o Dogville, o Dogville... Rais me partam se também não é piolhoso, tinhoso, mauzinho e sem contemporizar nadinha com a miséria humana que todos somos, ou poderemos ser, ou temos potencial para ser. Portantos... É uma linda peça de cinema, um belíssimo naco, sim senhor, agora vê-lo outra vez... Sei não, sei não.

E a banda sonora do Lancer in the Dark? Não marcha, não? E o próprio Lancer, não marcha, não? Se não virmos a parte final, a escabrosa parte final, onde falha? Há miséria humana a rodos!...

Anónimo disse...

Grande jonesy, homem de convicções e paixões.
Primeiro, temos andado práqui a errar: não é 'Lendas de paixão', isso é aquele vago western pastelão com o Brad Pitt e o Anthony Hopkins (o que é um belo elenco, aqui ou na Lua). É 'Ondas de Paixão', assim é que é.
A analogia que fazes é óptima, alguns dos filmes que vimos nessa altura eram de fazer chorar as pedras da calçada. Mas 'O Carteiro...' via-se, chorava-se e esquecia-se; 'As Pontes...' é um FILME, carago. O 'Ondas de Paixão' também é um FILME. Mas, para mim, um filme errado. É que não vejo grande diferença entre a ilusão de um filme da Disney (invertido) e um filme do Von Trier. Com a diferença que o Von, nesse filme, resolveu a desgraça com um milagre. Pelo menos, no 'Dancer In The Dark', a justiça (injusta) é dos homens, que, até ver, são quem mais ordena neste mundo. Resolver aquele imbróglio de filme com um milagre é que, para mim, é insuportável.
Meu, 'Os Idiotas'... Acho aquilo 'self-explanatory'. Precisava de um Manifesto Dogma e filmou uma coisa que, se as coisas corressem mal (e o mundo do cinema até pegou no Movimento com pinças, teve sorte), até poderia ser re-interpretada como repleta de auto-ironia. Género "'Os Idiotas', e o primeiríssimo sou eu, Lars". Sempre ficava com uma imagem de gajo cheio de capacidade de autocrítica. Como filme-FILME, para que serve aquilo?
E, claro que a banda sonora original do 'Dancer In The Dark' é excelente. É por isso que comprei o cd da Björk e NÃO comprei o dvd do filme. E, afinal, onde ficamos quando vamos suportando um filme e odiamos o final porque nos sentimos violentados, manipulados, gozados? Diremos "é um filme razoável, razoável"?
Não. Porque um filme não é um cd com 10 canções excelentes em que a última, por acaso, é pessima. Aquele filme tem pelo menos umas 5 canções em que o desastre acontece. Quando digo "canções", quero dizer sequências.
Afinal de contas, porque é que achamos sempre bem quando um filme não pinta personagens de simples preto ou simples branco? Até estamos dispostos a avaliar desse modo filmes terríveis, como alguns sobre super-heróis da Marvel. E chega o Von Trier com um filme em que entra a Björk cheia de dioptrias, em que é tudo pão-pão-queijo-queijo, e a malta adora adorar a desgraçadinha e odiar o vilãozão. É tudo muito simples e perverso.
Perverso, coisa que o 'Dogville' é, sem a menor dúvida. Mas é tudo menos simples. Há um contexto, uma história de chegada, de aterragem da Grace. Há uma comunidade que reage a algo de fora, e canibaliza a sua fraqueza . Isso é uma história fértil, e real, e viva. Acrescido de um experimentalismo na realização que não se lhe via, talvez, desde precisamente o 'Europa'. E isso é importante. Nada que se assemelhe à desgraceira sem eira nem beira com a cantora islandesa.
Um abraço cinéfilo, pá.

jonesy disse...

Boas!

E tu, Bruno Pereira, que dizes?
Ok, adiante, para trás mija a burra.

Eu sei isso do Catotas de Paixão, meu, é brincadeirinha! Atão não te recordas que eu, o Artur, etc, costumávamos chamar ao Côdeas... o "Lêndeas de Paixão"?!

Tchau, meu, é muita ganza!!

Iá, que se lixe o Lars, venha o Clint Eastwood, um gajo a ver e rever, mesmo a banda sonora (?).

Hughs, men.

Anónimo disse...

?

jonesy disse...

Quis dizer que podemos discutir Lars, que até foi o que aqui nos trouxe, como reacção à tua posta, mas há coisas bem engraçadas e que pelo menos a mim me levariam por aqui fora. E lembrei-me, por exemplo, do Clint Eastwood.

Não tem nada a ver, claro, foi da ganza que não fumei.

Quanto ao Ondas de Paixão, foi realmente um filme de que gostei.
Agora se fosse hoje... não sei.

Mas há fimes que me levam sempre a deitar, quanto mais não seja, um olhinho. E este é o caso. Ou são
as imagens - vulgo fotografia -, ou é a ambiência, ou a tal banda sonora de que falámos.
E exemplo disso, da banda sonora, são os filmes do Clint -
nem sei o que estive a ouvir mas agarrou-me, pregou-me á cadeirita.

E realmente há coisas capazes de surpreender - e já vi coisas do Dogma que me atraem - mas agora
não me lembro da nada, eh eh, é da p da ganza!

Mas estas "conversas" trazem memórias engraçadas. Se calhar demasiado engraçadas, dolorosas, quer pelo tempo passado quer pelo desaparecimento do que originou tais prazeres, não sei. Tipo Pedro Nunes, Carlos Alberto, Lumiére, etc. Coisas boas.

Tipo ciclo do Fellini no C alberto.

Tipo filmes japoneses na Casa das Artes.

Tipo cilco Almodôvar na videoteca das Casa das Artes.

Tipo Um Noite nas Tuas Pernas, no Teatro Sá da Bandeira...